A ideia de que andador para bebê é recomendado para estimular o desenvolvimento motor precoce atrai muitos pais. No entanto, é fundamental estar ciente dos riscos associados a esse produto, como quedas e atrasos no desenvolvimento. A segurança do bebê deve sempre ser a prioridade, e a decisão de utilizar ou não o andador deve ser tomada com cuidado e orientação médica.
Em 2013, o senador Paulo Davim apresentou um projeto de lei para proibir a produção, importação, distribuição, comercialização e doações de andadores no Brasil, mas o texto teve a tramitação encerrada. No Canadá, a venda desse equipamento é proibida desde 2007. Países da Europa também realizam campanhas para alertar sobre os perigos dos andadores e pedem seu banimento. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) trabalha na divulgação de pesquisas de especialistas sobre os riscos dos andadores para a segurança das crianças.
O que é um andador para bebês?
O andador para bebês é um equipamento projetado para ajudar crianças que ainda não conseguem andar sozinhas a se mover em um ambiente. Geralmente, ele consiste em uma base com rodas, uma estrutura de suporte acolchoada onde o bebê se senta e uma bandeja na frente que pode conter brinquedos para entretenimento.
O objetivo dos andadores é oferecer suporte ao bebê enquanto ele tenta se locomover, proporcionando uma sensação de independência, ao mesmo tempo que permite aos pais realizarem outras tarefas. Com esse equipamento, o bebê pode se mover para frente, para trás e até para os lados, impulsionado pelos próprios pés.
Tipos de andador para bebê
Na hora de escolher o melhor andador para bebê, você encontrará duas opções principais:
Andadores de empurrar
Esse tipo de andador para bebê é como se fosse um carrinho que a criança empurra enquanto dá os primeiros passinhos. Eles oferecem maior liberdade de movimento e estimulam o desenvolvimento motor de forma mais natural. Ao empurrar o andador, o bebê aprende a coordenar os movimentos dos braços e das pernas, além de fortalecer os músculos das pernas e do tronco.
Andadores de sentar
Nesse tipo de andador, a criança fica sentada, e o dispositivo a sustenta. Embora sejam considerados mais seguros, esses andadores podem limitar a autonomia do bebê e não o incentivam a se movimentar ativamente. A falta de estímulo para engatinhar e se levantar pode, em alguns casos, até atrasar o desenvolvimento motor.
Benefícios do andador para bebê
Os andadores para bebês continuam sendo vistos por muitos pais como ferramentas úteis, oferecendo benefícios que vão além da simples diversão. Além de proporcionar momentos de alegria para os pequenos, os andadores facilitam o dia a dia dos pais, oferecendo uma maneira prática de manter os bebês entretidos e ocupados. Muitos pais afirmam que os andadores tornam o cuidado diário mais simples, permitindo que os bebês explorem o ambiente de forma segura e divertida.
Alguns dos benefícios do andador para bebê, conforme alegado pelos pais, incluem:
Estímulo à independência
Os andadores permitem que os bebês explorem o ambiente com mais liberdade, proporcionando-lhes uma sensação de autonomia.
Segurança na locomoção
Bebês que já conseguem se mover, mas ainda não têm o equilíbrio necessário para andar sozinhos, podem usar o andador para se deslocar pela casa, estimulando o movimento das pernas.
Promoção do desenvolvimento
Ao incentivar o bebê a se movimentar de forma independente, o andador promove o fortalecimento dos músculos das pernas, o que pode ajudar na preparação para os primeiros passos. Essa interação ativa com o ambiente estimula a coordenação motora e o senso de equilíbrio, contribuindo para o desenvolvimento da percepção espacial. Com o andador, o bebê ganha confiança para explorar o mundo ao seu redor, impulsionando seu aprendizado e habilidades motoras de maneira lúdica e segura.
As controvérsias: segurança e riscos envolvidos
Apesar das vantagens aparentes, os andadores para bebês têm sido alvo de críticas, especialmente no que diz respeito à segurança. Diversos especialistas e instituições de saúde, como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Academia Americana de Pediatria (AAP), desaconselham o uso de andadores, apontando os riscos e desvantagens que podem acompanhar seu uso.
O ortopedista pediátrico Rui Maciel de Godoy Jr. alerta: “O andador faz a criança pular etapas, evitando que ela engatinhe e, pior, levando mais tempo para ficar de pé. Além disso, há casos graves de crianças hospitalizadas com queimaduras, intoxicação e, principalmente, por quedas, porque o andador facilita o acesso a lugares perigosos.”
Aumento no risco de acidentes
Bebês em andadores podem se mover a uma velocidade muito maior do que conseguiriam sem o aparelho, o que aumenta as chances de acidentes, como quedas de escadas, colisões contra móveis e até quedas em piscinas. Um estudo da pesquisadora sueca Ingrid Emanuelson analisou casos de traumatismo craniano moderado em crianças menores de quatro anos e concluiu que o andador é o produto infantil mais perigoso, seguido por brinquedos de playground.
De acordo com a SBP, estima-se que, anualmente, cerca de dez atendimentos de emergência ocorram para cada mil crianças com menos de um ano, resultando em pelo menos um caso de traumatismo para cada duas a três crianças que utilizam o dispositivo.
Um terço dessas lesões é grave, envolvendo fraturas ou traumas cranianos que exigem hospitalização. Além das quedas, que representam 80% dos casos graves, especialmente em escadas, também há registros de queimaduras, intoxicações e afogamentos. Nos Estados Unidos, em um período de 25 anos, foram registradas 34 mortes relacionadas ao uso de andadores, evidenciando os perigos deste produto.
Desenvolvimento psicomotor prejudicado
Muitos especialistas afirmam que o uso do andador para bebês pode retardar o desenvolvimento motor, uma vez que a criança tende a depender da estrutura do equipamento para se movimentar, em vez de exercitar suas habilidades naturais de equilíbrio e coordenação. Isso pode prejudicar a realização de atividades essenciais, como engatinhar, ficar de pé e agachar, que são fundamentais para o fortalecimento muscular e coordenação.
Com menos oportunidades para esses “exercícios”, o bebê pode apresentar atrasos no desenvolvimento motor e um desempenho inferior em testes de habilidades motoras. Além disso, o andador limita as mudanças posturais naturais, como sentar, levantar e virar, afetando o equilíbrio e a coordenação, já que a criança permanece sentada no centro do aparelho, restringindo seus movimentos.
Eduardo da Silva Vaz, presidente da SBP, afirma: “Andadores são usados na melhor das intenções, mas a criança deve estar com seu desenvolvimento neuropsicomotor habilitado para andar. Quando a criança estiver pronta, vai fazê-lo naturalmente.”
Postura inadequada
O uso do andador coloca o bebê em uma posição em que ele anda na ponta dos pés, o que pode interferir no desenvolvimento adequado da marcha e resultar em problemas posturais.
Independência antes do tempo
Ao incentivar o bebê a se movimentar antes de estar fisicamente preparado, o andador pode comprometer o desenvolvimento motor natural e aumentar o risco de acidentes, como quedas e colisões. Além disso, a falsa sensação de independência pode levar a posturas inadequadas e atrasos no aprendizado de habilidades fundamentais, como engatinhar e andar.
O bebê aprende a correr
Com o andador, o bebê tem acesso a maior velocidade e mobilidade, o que aumenta as chances de acidentes, como quedas e colisões. Além disso, o andador não estimula corretamente os músculos necessários para o desenvolvimento saudável da marcha, podendo atrasar o aprendizado natural de andar.
Embora possa parecer uma ferramenta que acelera o desenvolvimento, o andador infantil pode, na verdade, atrasar o progresso natural do bebê. O desenvolvimento motor ocorre de forma saudável quando a criança passa por todas as fases, como engatinhar, apoiar-se e aprender a se equilibrar, preparando o corpo para os primeiros passos de maneira gradual e natural.
O andador, apesar de parecer um atalho, interfere nesse processo. Ao engatinhar, por exemplo, o bebê explora diferentes ambientes e texturas, o que é fundamental para o desenvolvimento motor e cognitivo, algo que o andador limita.
Alternativas ao andador para bebês
Diante dos riscos associados ao uso de andadores, muitas famílias têm buscado alternativas seguras para promover o desenvolvimento motor e incentivar a movimentação dos bebês. Aqui estão algumas sugestões:
Deixe o bebê livre
É importante criar um ambiente adequado para a exploração, permitindo que a criança se movimente livremente e interaja com o ambiente ao seu redor. Organizar o espaço, afastando móveis perigosos e escondendo brinquedos favoritos, pode incentivar o bebê a engatinhar e a se levantar. Além disso, passeios em parques e praças oferecem novas experiências que estimulam a curiosidade e a interação com diferentes superfícies.
Cercadinhos também são ótimas opções para garantir a segurança do bebê enquanto ele desenvolve suas habilidades motoras, permitindo que ele engatinhe, se levante e explore o próprio corpo com liberdade. Durante essa fase, é natural que ocorram pequenos acidentes, como tropeços e quedas. É importante manter a calma e oferecer apoio, encorajando o bebê a continuar explorando.
Incentive a locomoção natural
Segurar as mãozinhas do bebê enquanto ele tenta dar seus primeiros passinhos é uma excelente maneira de incentivá-lo, proporcionando segurança e confiança. Utilizar móveis baixos e estáveis como apoio também ajuda a criança a se sentir mais confiante para se levantar e explorar o ambiente.
Outro ponto importante é deixar o bebê descalço em casa para que ele desenvolva a propriocepção, ou seja, a capacidade de perceber seu corpo no espaço. Isso facilita o equilíbrio e a coordenação motora. Em dias mais frios, meias antiderrapantes podem ser usadas para proteger os pés sem comprometer a segurança. Quando a criança estiver mais segura em suas caminhadas, tênis confortáveis são ideais para aventuras ao ar livre. No entanto, é importante evitar calçados como Crocs, que não oferecem o suporte necessário para os pés pequenos e podem aumentar o risco de quedas.
Escolhendo o andador certo: o que considerar
O andador de empurrar, semelhante a um carrinho de supermercado, é considerado a melhor andador para bebê, pois oferece suporte e confiança para os primeiros passos sem comprometer a postura. Diferente do modelo clássico, ele limita a velocidade, reduzindo o risco de acidentes graves.
No entanto, antes de adquirir um andador, é essencial verificar as recomendações de uso do produto e consultar um pediatra. O médico pode orientar sobre o tipo mais adequado para o bebê e o tempo de uso, garantindo que o desenvolvimento ocorra de forma segura e saudável.
Ao escolher um andador para bebês, considere os seguintes aspectos:
Modelo de andador
Escolha o tipo que melhor se adapta às necessidades do bebê, de acordo com seus sinais de prontidão. Se o bebê já consegue se levantar segurando-se em objetos, o modelo de empurrar pode ser ideal. Caso o bebê ainda não consiga se manter em pé, o modelo em que ele fica sentado é mais indicado.
Idade recomendada
Certifique-se de selecionar um andador adequado à faixa etária do bebê.
Recomendações de uso do fabricante
Siga as orientações quanto ao espaço necessário para o uso, cuidados com o produto, limpeza e tempo recomendado de utilização.
Material de fabricação
Verifique a qualidade e segurança dos materiais utilizados, além da relação custo-benefício.
Conclusão: andador para bebê é recomendado?
Em suma, a questão de se o andador para bebê é recomendado é complexa e gera debates entre especialistas. Embora os andadores possam parecer atrativos, eles apresentam riscos significativos tanto para a segurança quanto para o desenvolvimento do bebê.
Especialistas afirmam que o uso de andadores não é necessário para o desenvolvimento infantil, e que existem alternativas mais seguras e eficazes para estimular a locomoção e o equilíbrio da criança. Cercadinhos, tapetes de atividades e o simples incentivo à locomoção natural são opções que oferecem um ambiente seguro e favorecem o desenvolvimento motor adequado.
Diante disso, é essencial que os pais considerem alternativas mais seguras, como cercadinhos e tapetes de atividades, que incentivam o movimento e o desenvolvimento motor de maneira natural e saudável. Priorizar a segurança e o bem-estar do bebê deve ser sempre a principal preocupação.
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