Este guia de cuidados e saúde infantil foi criado com o objetivo de facilitar o seu dia a dia com o pequeno e aproveitar da melhor maneira essa fase tão importante de descobertas e aprendizados.
Ao longo do texto iremos abordar cuidados com a saúde bucal, respiratória, vacinas, saúde mental e muito mais. Queremos que você termine o artigo repleto de novos conhecimentos e dicas valiosas para as suas crianças crescerem ainda mais saudável e felizes.
Vale ressaltar que todas as informações compartilhadas neste guia são recomendações sugeridas pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Cuidados com a Saúde Bucal
Desde o momento do nascimento até o fim da adolescência, a estrutura dentária continua crescendo e se desenvolvendo. Por isso, os cuidados com os dentinhos devem começar desde cedo, assim como as visitas regulares ao dentista.
Ainda mesmo na maternidade, a equipe deve avaliar a condição oral do recém-nascido para avaliar se há algo que possa dificultar ou impedir uma respiração adequada e a amamentação.
Amamentação
O aleitamento materno deve ser sempre estimulado. É durante este momento que o neném realizará um exercício oral que estimula corretamente todos os seus músculos orofaciais e o desenvolvimento das arcadas dentárias.
Caso a amamentação não seja possível por recomendação médica, ou em casos de suplementação, o indicado é o uso de uma mamadeira com bico anatômico para evitar problemas futuros.
Vale dizer que a SBP também não aconselha o uso de chupetas pelo risco de alteração no crescimento e desenvolvimento orofacial infantil.
Dentes de leite
Assim que nascerem os primeiros dentes de leite, o bebê já deve passar por uma consulta com o odontopediatra. O atendimento precoce favorecem o desenvolvimento saudáveis da arcada dentária, garantindo uma mordida equilibrada e livre de cáries.
Além da consulta, também é importante já começar com a higiene dental diária. Para isso, invista em uma escova de dente infantil com cabeça pequena e cerdas super macias e um creme dental com flúor.
O neném deve escovar os dentes com a mesma frequência dos adultos: após o café da manhã, almoço e última refeição da noite.
Trocando os dentes
Até os 3 anos de idade, a criança já deve ter os 20 dentes de leite na boca, 10 na parte de cima e 10 embaixo. Se contar dentes a mais ou a menos na boca do seu pequeno, não deixe de se consultar com um dentista.
A partir dos 5 ou 6 anos, os dentes permanentes devem começar a surgir no fundo da boca enquanto os de leite começam a ser substituídos. Essa troca de dentes deve acabar por volta dos 12 anos. Nessa fase, mais dentes devem surgir no fundo da boca.
Os famosos sisos costumam aparecer apenas depois dos 17 anos. Contudo, muitos nem chegam a desenvolver esse dente.
Cuidados com a saúde respiratória
A bronquiolite é uma das principais preocupações dos pais, especialmente os que tem neném pequeno em casa. Essa doença é uma infecção viral que acomete a parte mais delicada do pulmão dos pequenos, os bronquíolos.
Sintomas
Como é causado por um vírus respiratório, normalmente o quadro se inicia como um resfriado, com nariz entupido, coriza clara, tosse, febre e recusa das mamadas.
Em um ou dois dias, o quadro evolui para uma tosse mais intensa, dificuldade para respirar, respiração rápida e chio no peito.
Bebês menores de 1 ano, prematuros ou crianças com alguma doença cardíaca ou pulmonar costumam correr mais risco de desenvolver um quadro mais grave da doença.
Tratamento
Não existe um tratamento específico para a bronquiolite. Na maioria dos casos, os sintomas são tratados com remédios em casa mesmo. Em algumas situações, em que o quadro se agrava, possa ser necessário uma internação para acompanhar o desenvolvimento mais de perto.
Como evitar a bronquiolite?
Assim como para evitar outros vírus respiratórios, os cuidados com a saúde começam com a prevenção. Evite o contato do neném com adultos e crianças resfriadas, mantenha sempre as mãos higienizadas, promova a amamentação exclusiva e fuja de aglomerações.
Nos primeiros dias de vida do neném, você também pode pedir para as visitas usarem máscara de proteção na hora de pegar o pequeno no colo.
Além disso, caso os primeiros sintomas comecem a aparecer, entre em contato com o seu pediatra para ter a melhor orientação possível.
Vacinas como forma de cuidado e saúde infantil
A vacinação tem sido um tema polêmico nos últimos anos. Contudo, a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é de que todas as crianças completem o esquema vacinal oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
As vacinas são seguras e essenciais para proteger a criança contra doenças graves. Antes de serem aprovadas, todas as vacinas passam por testes rigorosos e continuam sendo avaliadas após a aplicação em massa.
Vacinas para doenças “erradicadas”
Além de proteger a saúde do seu filho, a vacinação em massa garante a eliminação de doenças graves no cenário nacional e mundial. Quando boa parte da população deixa de se vacinar, a proteção de rebanho diminui e essas doenças podem voltar.
Um exemplo disso é o sarampo. A condição já não ocorria no Brasil há mais de duas décadas, mas voltou a aparecer porque muitos pais deixaram de vacinar seus filhos para a doença, deixando a população desprotegida.
Reações comuns
Muitos pais sentem medo em vacinar seus filhos por conta das reações que podem acontecer. Entre as mais comuns estão febre, dor e endurecimento e vermelhidão no local da aplicação.
Apesar das reações acontecerem, os benefícios da vacinação são muito maiores do que isso.
Vacinas e autismo
Houve uma divulgação de que a vacina tríplice viral causava autismo. Porém, pesquisas realizadas garantem que as vacinas são seguros e que não causam o transtorno do espectro autista.
O autor do trabalho que associava as duas coisas reconheceu seu erro e o trabalho foi excluído por não ter valor científico.
Cuidados com a Saúde Mental
Nos últimos anos, os cuidados com a saúde mental começaram a ganhar destaque e importância.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental pode ser definida como bem-estar em ótimos níveis, capacidade de interpretar o meio que está inserido e manter bom funcionamento psicossocial.
Segundo a UNICEF, 75% dos transtornos mentais começam a aparecer ainda durante a infância. Situação de extrema pobreza, violência no ambiente familiar e escolar e traumas ambientais são alguns dos fatores que aumentam a chance desses transtornos.
Como ajudar as crianças?
Entre os cuidados com a saúde infantil, a parte mental é de extrema importância para um desenvolvimento saudável como um todo. Abaixo, algumas dicas de como ajudar aos pequenos a cuidar de suas mentes:
Permita que as crianças se expressem
Os pequenos nem sempre conseguem expressar seus sentimentos por meio da fala e podem acabar colocando suas emoções para fora de outro jeito.
É importante que os pais saibam acolher os filhos nesses momentos e mantenham o espaço do diálogo aberto para que eles consigam dizer o que estão sentindo.
Não esconda situações importantes
Muitas vezes os pais tentam poupar os filhos de situações que estão acontecendo e que têm impacto direto em suas vidas. Esconder esses acontecimentos podem fazer com os pequenos se isolem e desenvolvam sentimentos negativos, como culpa e solidão.
O melhor a se fazer é compartilhar a situação com a criança de maneira calma e com uma linguagem acessível. Além disso, os pais devem estar preparados para eventuais questionamentos.
Evite a sobrecarga
Por mais que pareça uma boa ideia encher a rotina da criança com atividades, ela pode acabar se sentindo sobrecarregada e estressada com tantas obrigações para administrar.
Sempre tenha um espaço na agenda para tempo livre, em que o pequeno pode escolher o que quer fazer para relaxar.
Tempo de qualidade
Invista em tempo de qualidade com o seu filho, seja brincando, passeando ou apenas conversando na mesa de jantar. Esses momentos são essenciais para desenvolver vínculos afetivos e fazer com que a criança se sinta segura dentro de casa.
Fique de olho em sinais de alerta
Apesar de muitas crianças terem dificuldade de expressar o que estão sentindo, elas normalmente reagem com alguns sinais de alerta que podem indicar algo de errado com a sua saúde mental. Entre os principais estão:
- Queda no desempenho escolar
- Agressividade
- Alteração no sono e no apetite
- Tristeza
- Timidez exagerada
- Pesadelos frequentes
- Apatia
- Falta de vontade para atividades que antes eram prazerosas
Se você notar um ou mais desses sintomas, o mais indicado é procurar ajuda de um profissional da saúde para investigar o que pode estar acontecendo.
Cuidados no uso de produtos infantis
O uso de cosméticos e outros produtos infantis é frequente e já faz parte da rotina da maioria das famílias brasileiras. Contudo, como a pele das crianças é mais final e sensível, esse tipo de item precisa ser escolhido com cuidado para evitar irritações e alergias.
Use produtos específicos
Quando for comprar cosméticos para seus filhos, sempre opte por produtos que sejam específicos para o público infantil. Essa recomendação vale para shampoo, creme hidratante, gel para cabelo, colônia, sabonetes e muito mais.
Isso porque os cosméticos infantis passam por regras mais rigorosas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Inclusive, é importante sempre verificar se o produto foi liberado pela agência.
Os selos de hipoalergênico e testado dermatologicamente também garantem mais segurança.
Protetor Solar Infantil
Quando ao uso do protetor solar em crianças, a Sociedade Brasileira de Pediatria tem algumas orientações de acordo com a idade.
Para os bebês abaixo dos 6 meses, a indicação é de não usar o produto. Os nenéns devem evitar a exposição direta ao sol e usar alguma proteção física, como sombrinha, guarda-sol, bonés e roupas com filtro UV.
Dos 6 meses aos 2 anos, estão recomendados os filtros inorgânicos que têm menor capacidade de provocar alergias, costumam ter alta resistência à água e proteção imediata. Sempre leia a embalagem para ver a idade de indicação do protetor.
A partir dos 2 anos já pode ser utilizado o protetor solar infantil mais tradicional que tenha liberação da Anvisa.
Para aplicar corretamente, use a medida de dois dedos ou de uma colher de chá para cada área do corpo.
Repelente Infantil
Os repelentes fazem parte da rotina de cuidados com a saúde ao impedir picadas de mosquitos e insetos, inclusive transmissores de doenças, como o Aedes Aegypti.
Para escolher o produto certo, sempre cheque a embalagem para saber a partir de que idade ele pode ser usado. Cada repelente tem uma indicação diferente.
Contudo, a SBP não recomenda o uso de nenhum repelente para bebês abaixo dos 3 meses. A indicação é que esse tipo de produto pode ser usado de forma segura a partir dos 6 meses de vida.
A Sociedade também tem algumas orientações quanto à aplicação dos repelentes:
- Nunca aplique na mão da criança para não correr o risco de esfregar os olhos ou colocar na boca;
- Aplique a quantidade e intervalo de acordo com a recomendação do fabricante;
- Não aplique no rosto;
- Não permita que a criança durma com o repelente;
- Ao usar em conjunto com protetor solar, aplique primeiro o filtro, espere secar e depois passe o repelente.
Cuidados com a saúde e nutrição infantil
Os primeiros anos de vida são marcados por um crescimento acelerado com novas descobertas a cada semana. Durante esse período, a nutrição desempenha um papel fundamental no desenvolvimento físico e cognitivo da criança, moldando sua saúde a curto, médio e longo prazo.
Para garantir um crescimento saudável, é importante que a alimentação seja equilibrada e nutritiva com a quantidade certa de vitaminas, minerais, proteínas, carboidratos e gorduras.
Confira as principais orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria em relação à nutrição infantil.
Amamentação
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aleitamento materno deve ser exclusivo até os 6 meses de idade quando é recomendado a introdução de alimentos complementares.
Mesmo após a introdução alimentar, a indicação é que o aleitamento continue acontecendo até os 2 anos de idade. Isso porque o leite materno é rico em propriedades anti-infecciosas e anti-inflamatórias.
Vale ressaltar que durante a amamentação, é importante que a mãe tenha uma dieta equilibrada. Como os sabores são transmitidos para o neném pelo leite materno, consumir uma maior variedade de alimentos pode facilitar na hora da introdução.
Fórmulas infantis
Como já mencionamos, a amamentação exclusiva deve ser mantida até os 6 meses de idade. Porém, em casos em que isso não é possível, as fórmulas são uma alternativa segura e nutritiva para o bebê.
A recomendação do uso de fórmula deve ser feita pelo pediatra com orientações sobre a opção mais adequada, já que há uma infinidade de produtos disponíveis no mercado.
De maneira geral as fórmulas são classificadas da seguinte maneira:
- Fórmula de partida: para bebês saudáveis, exclusivas do nascimento até 6 meses de vida
- Fórmula de seguimento: para bebês saudáveis de 6 a 12 meses de idade
- Fórmula de primeira infância: para crianças de 1 a 3 anos
- Fórmulas específicas: opções que contam com algum ajuste na composição nutricional para atender situações específicas, como cólicas e alergias alimentares.
Introdução alimentar
O Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a introdução alimentar seja feita a partir dos 6 meses, mesmo para os bebês que consomem fórmula infantil.
Num primeiro momento, deve ser apresentado ao pequeno frutas, verduras e água, além do almoço ou jantar. A partir do 7º mês, a segunda refeição principal é introduzida. Com 12 meses, o neném já pode consumir a comida da família.
A refeição principal (almoço e jantar) deve contar necessariamente com esses grupos alimentos:
- Cereais ou tubérculos: arroz, milho, macarrão, batata, mandioca, inhame e outros
- Leguminosas: feijão, lentilha, grão de bico ou ervilha
- Proteína: carne bovina, frango, suíno, ovos ou peixe
- Hortaliças, verduras e legumes
Vale ressaltar que a adição de sal no preparo deve ser evitado até os 12 meses de idade. Já para o açúcar, a recomendação é que ele não seja consumido até os 2 anos de idade.
Conclusão
Navegar pelo universo dos cuidados e saúde infantil pode parecer uma tarefa desafiadora, mas como vimos ao longo deste guia, algumas dicas simples podem ser a chave para crianças saudáveis.
Ao longo do texto, apresentamos orientações importantes da Sociedade Brasileira de Pediatria em relação a diversos temas de cuidados com a saúde infantil, como bronquiolite, vacinas, nutrição, uso de cosméticos e mais.
Além das dicas apresentadas, é importante levar em conta que cada criança é única. Para garantir que ela tenha um crescimento saudável, o acompanhamento com o pediatra é fundamental.
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