Checklist para recém-nascidos: consultas iniciais e emissão de documentos

A chegada de um bebê é um momento alegre e recheado de emoção, mas também traz muitas dúvidas e preocupações. É o início de uma nova jornada tanto para os pais quanto para o filho. Por isso, é fundamental que a atenção à saúde do recém-nascido seja redobrada.

Do seu nascimento até os 28 dias, o bebê é considerado recém-nascido. Após esse tempo, é chamado de bebê ou lactente. Independentemente da nomenclatura, é indiscutível que é preciso dedicar o máximo de atenção, porque eles estão começando a se adaptar gradualmente ao mundo externo.

No entanto, além das adaptações com ambiente e à rotina, os primeiros dias são marcados por uma série de procedimentos importantes que garantem a saúde e a proteção do neném. Além das consultas, que não são poucas, é necessário atentar-se ao calendário de vacinas e realizar o registro do pequeno.

Neste artigo, com o intuito de ajudar os pais e responsáveis nessa tarefa, vamos abordar as etapas que envolvem o nascimento de um filho. Preparamos um checklist para recém-nascidos, sinalizando os cuidados necessários que envolvem o período neonatal, como consultas iniciais, calendário de vacinas, testes e emissão de documentos, além de respostas sobre onde registrar o bebê. Confira!

O cuidado vem desde a maternidade

A amamentação é o cuidado mais importante que as mamães devem considerar na maternidade, sendo necessário observar se o bebê está respirando e se amamentando corretamente, sem engasgos.

Segundo o pediatra neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria, nesta fase, é essencial que os pais aprendam a dar banho no seu bebê para mantê-lo limpo e saudável. Depois de aprender a vestir a roupinha sem machucar o corpinho. E, claro, avisar a enfermagem se tiver qualquer dúvida em relação aos cuidados”.

Enfim, é preciso estar em vigia com o bebê na maternidade. Nessa fase, em que começa a conhecer o mundo e é tão dependente, verifique atentamente todos os cuidados antes de ir para casa. Se ele tiver alguma reação ou movimento desconhecido, comunique o pediatra.

Cuidado Neonatal

De acordo com o Ministério da Saúde, todo bebê nascido no Brasil tem direito a realizar gratuitamente os exames de triagem neonatal, que incluem o Teste do Pezinho, o Teste do Olhinho, o Teste da Orelhinha e o Teste do Coraçãozinho.

Teste do Pezinho

O Teste do Pezinho deve ser realizado, preferencialmente, entre o 3º e o 5º dia de vida do recém-nascido. Os pais podem comparecer a Unidades Básicas de Saúde (UBS) e maternidades cadastradas por todo o país para realizá-lo. Obrigatório, esse teste é fundamental para prevenção e o diagnóstico precoce de doenças, como fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita, deficiência de biotinidase e toxoplasmose congênita. O teste consiste na coleta de sangue do calcanhar do bebê.

O Ministério da Saúde ressalta que o Sistema Único de Saúde (SUS) garante o atendimento a todos os pacientes triados por médicos especialistas na Atenção Especializada. Além disso, informa que o teste está disponível em todo o Brasil, com 26.582 pontos de coleta distribuídos pela Atenção Primária, hospitais, maternidades e comunidades indígenas.

Teste do Olhinho

Simples, rápido e não causa dor para o bebê. No Teste do Olhinho, um feixe de luz vermelha é direcionado para os olhos do bebê. O resultado pode ser considerado positivo quando a luminosidade detectada for avermelhada, alaranjada ou amarelada.

Mediante o teste é possível detectar alterações que prejudiquem a visão da criança, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas. Quando detectada no início, essas doenças podem ser tratadas com eficácia, resultando no desenvolvimento normal da visão. Em maternidades públicas, o exame pode ser realizado até a alta do recém-nascido.

Contudo, a recomendação é que o teste seja realizado pelo pediatra assim que o bebê nasce ou, se não for possível, na primeira consulta de acompanhamento. É importante que os pais façam o exame regularmente, especialmente nos meses iniciais de vida.

Teste da Orelhinha

O Teste da Orelhinha dura em torno de 10 minutos e é realizado enquanto o bebê dorme. Ele é indolor e não precisa de picadas ou coleta de sangue, e não possui contraindicações. Para esse exame, é colocado um fone acoplado a um computador na orelha do recém-nascido, que emite sons de baixa intensidade e recolhe as respostas que a orelha interna do bebê produz.

Geralmente, é executado no segundo ou terceiro dia de vida do neném na maternidade e serve para identificar problemas auditivos.

Teste do Coraçãozinho

Assim como os anteriores, o Teste do Coraçãozinho é simples e não machuca. Nele, é medido com um oxímetro, espécie de pulseirinha no pulso e no pé do bebê, os batimentos cardíacos. Se, porventura, for detectado algum problema, o bebê é encaminhado para um ecocardiograma. Se os resultados forem alterados, ele será encaminhado para um centro de referência em cardiopatia para tratamento, segundo informações do site do Ministério da Saúde.

Vale ressaltar que problemas no coração são a terceira maior causa de morte em recém-nascidos.

Sendo assim, quanto mais cedo for diagnosticado, melhores são as chances do tratamento do pequeno.

Consultas médicas iniciais

A primeira consulta com o pediatra é fundamental para avaliar a saúde do bebê e esclarecer dúvidas dos pais ou responsáveis. Essa ocasião permite observar o desenvolvimento da neném e fornece orientações sobre cuidados essenciais, como vacinação, aleitamento materno, exames de triagem neonatal, higiene e a adaptação ao novo momento. Agora, confira o que deve ser avaliado na primeira consulta.

Anamnese

Uma entrevista entre um profissional de saúde e um paciente, que visa reunir dados detalhados sobre a saúde e o histórico do bebê, bem como da família. Durante essa avaliação, são consideradas as condições do nascimento da criança, incluindo tipo de parto, local, peso ao nascer, idade gestacional, índice de Apgar, intercorrências clínicas na gestação, no parto, no período neonatal e tratamentos realizados. Além disso, são coletados antecedentes familiares, como as condições de saúde dos pais e dos irmãos, o número de gestações anteriores e o número de irmãos.

Exame clínico

O primeiro exame clínico deve ser realizado após o nascimento, na maternidade, e repetido na primeira consulta do lactente. Os resultados e observações feitas durante o exame devem ser descritos na Caderneta da Criança e compartilhados com pais e responsáveis, a fim de entender melhor o que o pequeno necessita. Nesse exame, são avaliados alterações clínicas, morfológicas e funcionais, tais como:

  • Peso, comprimento e perímetro cefálico, desenvolvimento social e psicoafetivo, estado geral – como estado de alerta, sono leve ou profundo e choro -, higiene, face, pele, musculatura, crânio, olhos, ouvidos, nariz, boca, pescoço, tórax, abdome, aparelho geniturinário, ânus, sistema osteoarticular, coluna vertebral e avaliação neurológica.

Na ocasião, orientações importantes devem ser fornecidas aos pais/responsáveis, tais como:

  • Higienização de mãos, uso de tabaco e semelhantes, coto umbilical, prevenção de assaduras, posição supina (de “barriga para cima”) para dormir, sono, choro excessivo, uso de chupetas (“bicos”) e protetores de mamilos, mãe/pai adolescente e lactentes em Situação de Vulnerabilidade.

Triagem metabólica, auditiva, ocular e cardiológica

Durante a consulta, o pediatra vai verificar se o bebê realizou os testes de triagem neonatal na maternidade, conforme mencionado nesse artigo, ou se já foi encaminhado para fazê-las. São eles:

  • Testes do Pezinho, do Olhinho, da Orelhinha e do Coraçãozinho.

Orientações necessárias

Informações para o fortalecimento da saúde do lactente devem ser explicadas para os pais ou responsáveis. Entre elas estão:

  • Tudo que envolve o aleitamento materno, como técnica de amamentação, fatores que podem dificultar a amamentação, situações em que ela não é recomendada e alimentação de quem não pode ingerir o leite materno;
  • Sobre os modos de prevenção de acidentes;
  • Os benefícios da imunização;
  • Sobre os calendários de consultas;
  • Sobre a importância do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento do pequeno;
  • Encaminhar tirar sobre a triagem neonatal.

Em relação às consultas com o pediatra, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que bebês de 5 a 30 dias de vida façam três consultas mensais.

Nos casos que não envolvem convênio, a primeira consulta deverá ocorrer na Unidade de Atenção Primária à Saúde (APS). Quando a família não comparece à consulta previamente agendada na primeira semana após o nascimento, são recomendadas visitas domiciliares.

Vacinas obrigatórias para aplicar no recém-nascido

Manter a vacinação em dia é a melhor forma de uma mãe demonstrar o amor e o cuidado com o filho.

Ao ser vacinado o organismo produz anticorpos contra diversas doenças que podem causar danos à saúde do bebê. De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde, que é baseado no calendário de vacinação brasileiro e fornecido pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), há uma lista das vacinas indicadas para recém-nascidos e crianças maiores. Confira:

BCG (Bacilo de Calmette-Guérin) dose única: Contra a tuberculose

Aplicada na maternidade, na via intradérmica, a vacina BCG deixa aquela cicatriz conhecida de até 1 cm de diâmetro no braço direito, que pode se formar até os 6 meses. A BCG é contraindicada para bebês prematuros ou com peso inferior a 2kg, e pode apresentar alguns efeitos colaterais, como úlceras grandes, gânglios ou abscessos na pele, além da disseminação do bacilo da vacina. Segundo o Ministério da Saúde, os gânglios ocorrem em cerca de 10% dos vacinados.

Hepatite B (primeira dose): contra a hepatite B

A primeira dose deve ser aplicada nas primeiras 12 horas de vida do bebê, no músculo da coxa, ainda na maternidade. É raro, mas a vacina pode causar febre baixa e reações locais. No entanto, ela é importante porque evita a infecção causada por um vírus que afeta o fígado e é conhecido por causar o amarelamento da pele.  

Vale lembrar que o esquema vacinal se constitui de 03 doses, com intervalos de 30 dias entre a primeira e a segunda dose, e 180 dias da primeira para a terceira dose.

Se você quiser ter acesso a lista completa, acesse o portal do Ministério da Saúde.

Garantidos por lei: Emissão da Certidão de Nascimento e Carteira de Vacinação

O registro civil formaliza o nascimento do seu filho, e a certidão vai ser o primeiro documento que ele vai ter na vida. Ele comprova a existência dele como cidadão, registrando nome, sobrenome, nacionalidade, filiação e direitos à saúde e à educação.

Mas como emiti-las?

Muitas pessoas desconhecem, mas em algumas maternidades é possível que o recém-nascido receba alta hospitalar e a mãe já saia com a certidão de nascimento dele em mãos. Isso é possível em maternidades conveniadas com os Cartórios de Registro Civil da região, como já acontece em algumas cidades.

De acordo com a Lei 6.015/73, os pais podem solicitar a emissão do documento no cartório ou no local de nascimento da criança. Se não for possível fazê-lo na maternidade, eles deverão comparecer ao Registro Civil de Pessoas Naturais onde residem ou ao de nascimento da criança, munidos dos documentos pessoais, como RG, CPF, certidão de nascimento ou casamento, além da “declaração de nascido vivo”, emitida pelo hospital ou maternidade e entregue aos pais do bebê após o seu nascimento.

Para quem tem dúvida em relação a quantos dias para registrar o bebê, o prazo para o registro é de 15 dias após o nascimento, podendo ser prorrogado por mais 45 dias se a mãe for a declarante. Nos casos em que a sede do cartório fica a mais de 30 quilômetros de distância do local de nascimento do bebê, o prazo do registro pode ser estendido para três meses.

No caso de mães solo ou na ausência do pai, por exemplo, a mãe pode registrar o bebê sozinha. Esse registro é garantido pela Lei nº 13.112/2015, sancionada pela então presidente Dilma Rousseff.

CPF

Desde 2015, em virtude de uma parceria dos Cartórios de Registro Civil com a Receita Federal, o CPF passou a ser emitido gratuitamente diretamente na certidão de nascimento, no ato do registro do recém-nascido.

Carteira de Vacinação

No Brasil, as crianças nascidas em maternidades públicas ou privadas têm direito a receber gratuitamente a Caderneta da Criança – Passaporte da Cidadania. A entrega é feita no momento da alta, e a caderneta deve ser preenchida pelo profissional de saúde.

Cartão do SUS

Desde 2012, com a publicação da Portaria Nº 763/2011, o Cartão Nacional de Saúde (CNS), conhecido como Cartão do SUS (Sistema Único de Saúde), tornou-se um documento obrigatório para todos, incluindo aqueles que possuem plano de saúde ou realizam consultas particulares.

Para quem tem plano de saúde, não precisa comparecer aos postos de saúde ou hospitais do SUS para solicitar o cadastro. Ele é feito pela ANS ou pela empresa operadora de seu plano, que informará o número do cartão.

Quem não possui plano de saúde pode se cadastrar no primeiro atendimento na rede pública de saúde ou conforme o planejamento do secretário de saúde da sua região. Por meio dele, será gerado um número de cartão, que deverá ser apresentado nos atendimentos em saúde.

Dicas para manter a saúde e o bem-estar do recém-nascido

São muitos os cuidados a serem tomados com o recém-nascido para mantê-lo saudável e seguro nos 28 primeiros dias de vida. Por essa razão, separamos algumas recomendações do Ministério da Saúde e da SBP:

Banho

O ideal é que a temperatura da água seja de 37°C. Em hipótese alguma, o bebê deve ficar sozinho na banheira ou aos cuidados de outras crianças.

Berço

As grades do berço devem permanecer levantadas, e a distância entre as ripas não deve ser superior a 6 cm. Mantenha o berço livre de almofadas decorativas, travesseiros ou bichos de pelúcia, para não dificultar a respiração. De acordo com o Ministério da Saúde, o ideal é usar cobertas leves para evitar a sufocação do RN. Se estiver frio, o mais conveniente é agasalhá-lo com mais roupas do que cobri-lo com muitas cobertas.

Choro excessivo

Aspectos importantes devem ser avaliados para descobrir a causa do choro frequente. Segundo o Ministério da Saúde, é necessário observar o estado geral da criança, o momento de início e a duração do choro, possíveis alterações no padrão do choro, a tensão no ambiente, hábitos de alimentação, diurese, evacuação, a dieta da mãe (se estiver amamentando), regurgitações excessivas ou vômitos (como no refluxo gastroesofágico), a história familiar de alergias, a reação dos pais ao choro e os fatores que o aliviam ou agravam.

Coto umbilical

A queda do coto umbilical ocorre nas primeiras semanas. Ele deve ser mantido limpo e seco, e a limpeza deve ser realizada com álcool 70%, restrita ao coto, protegendo a pele do abdômen ao aplicar.

Higienização

Para evitar a disseminação de vírus causadores de doenças respiratórias, as pessoas que tiveram contato com o lactente devem manter as mãos higienizadas. Além disso, evite aglomerações em ambientes fechados.

Posição na hora de dormir

A posição correta é a supina, de barriga para cima. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o risco de morte súbita diminui em até 70%.

Sufocação

Para evitar a sufocação, não use talco, ajuste o lençol do colchão e atente-se para que o rosto do bebê não seja encoberto por roupas de cama. Além do mais, não é recomendado o uso de cordões, enfeites de cabelo ou contato com peças pequenas.

Transporte da bebê em automóvel

De acordo com a Resolução 277 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), os menores de 10 anos devem ser transportados em bancos traseiros de veículos, usando cinto de segurança ou sistema de retenção equivalente. No caso do recém-nascido, o assento adequado é o bebê conforto.

Uso de chupetas (“bicos”) e protetores de mamilos

Não é recomendável utilizá-los, pois interferem na aplicação e duração do aleitamento materno, além de prejudicar a saúde bucal do pequeno.

Conclusão

Papais de primeira viagem ou não, a atenção à saúde do recém-nascido deve ser igualmente intensificada. Isso envolve uma série de cuidados, exames e recomendações.

A chegada do pequeno é um momento de conhecimento, redescoberta e adaptação. Para além das relações afetivas, é importante que os pais ou responsáveis saibam lidar com as questões burocráticas.

Embora pareça simples, o nascimento de um filho consome grande parte do tempo dos pais, especialmente das mães. Nessa fase, eles são bombardeados com informações e situações novas, como exames, registro e a vacinação em bebê. Por isso, é essencial que a criança receba acompanhamento médico e que os pais se sintam seguros para esclarecer suas dúvidas.

Este guia foi elaborado para oferecer diretrizes sobre os cuidados necessários após o nascimento de uma criança. É aquela luz no fim do túnel que veio para clarear sua mente.


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