A nutrição infantil tem um papel essencial no crescimento e desenvolvimento das crianças. E no caso das celíacas, ela se torna ainda mais importante.
A doença celíaca é uma condição autoimune que exige um cardápio livre de glúten e rico em alimentos nutritivos para garantir a saúde e o bem-estar dos pequenos.
Ao longo do texto de hoje iremos explicar um pouco mais sobre essa condição, quais sintomas devem ser observados para buscar um diagnóstico e dicas de uma dieta infantil para celíacos.
O que é doença celíaca?
Essa doença autoimune é causada pela intolerância ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, aveia, cevada, centeio e derivados.
Entre os alimentos que normalmente contam com essa composição, estão massas, pizza, bolos, pães e alguns doces. Por isso, assim que a doença é diagnosticada, é essencial a adaptação do cardápio infantil.
Isso porque toda vez que uma pessoa celíaca consome glúten, o seu organismo entende que está passando por um processo inflamatório e impede que o intestino delgado cumpra a sua função de ingerir sais minerais e nutrientes.
Quais são os sintomas?
Normalmente, as crianças começam a apresentar sintomas de intolerância ao glúten ainda na infância precoce, meses após a introdução da proteína na dieta.
Entre os sintomas mais comuns, estão a diarreia crônica, perda de peso e distensão abdominal. Outros sinais também podem indicar a condição, como:
- Dor abdominal;
- Constipação;
- Baixa estatura;
- Anemia crônica
Como a doença pode se manifestar de maneiras diversas e como os sintomas podem ser confundidos com outras condições, nem sempre o diagnóstico é rápido.
Converse com o seu pediatra para entender quais condutas devem ser tomadas caso um desses sinais apareçam.
Como é feito o diagnóstico?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a confirmação do diagnóstico é feita em 3 etapas: suspeita clínica, teste sorológico positivo e biópsia intestinal.
O teste sorológico indicado é o anticorpo anti-transglutaminase. Quanto maior for o nível no sangue, maior é a chance da criança ser celíaca. Contudo, só o resultado desse exame não é o suficiente para confirmar a doença.
Após o teste positivo, o próximo passo é a realização de biópsia por endoscopia. Apenas após o resultado desses exames é que o glúten deve ser totalmente retirado do cardápio infantil.
Nutrição infantil para celíacos
Uma dieta infantil com zero glúten é o único tratamento para o controle da doença celíaca. Isso porque mesmo uma quantidade pequena da proteína pode desencadear um processo inflamatório no organismo.
A alimentação livre de glúten significa excluir alguns alimentos conhecidos, como cereais, massas e muitos processados. Normalmente esses produtos contam com trigo, centeio ou cevada em sua composição.
A boa notícia é que o mercado já conta com várias opções desses alimentos em uma versão sem glúten. Além disso, você pode substituir os proibidos por ingredientes seguros nas receitas, como farinha de arroz, amido de milho, fubá, polvilho, tapioca e mais.
Além disso, é essencial que o cardápio para criança celíaca seja variado e com opções nutritivas, como carnes, peixes, ovos, lacticínios, arroz, milho, frutas e legumes.
Atenção redobrada aos rótulos
Aprender a ler corretamente os rótulos dos alimentos é uma das primeiras orientações que os pais de crianças celíacas recebem.
Antes de comprar qualquer produto no mercado, leia a embalagem e procure pela informação “contém glúten” ou “não contém glúten”. Por lei, ela deve aparecer logo após a lista de ingredientes.
Também vale conferir a lista completa para verificar se há a presença de algum ingrediente proibido, como trigo, centeio e cevada.
Outro cuidado que os pais devem tomar na hora de ler a embalagem é a presença do aditivo E-14XX, que também é proibido para celíacos. Esse código indica o uso de amidos modificados e como eles podem ter como origem o trigo, a sua ingestão deve ser evitada.
Cuidado com a contaminação cruzada
Um outro cuidado que os pais de crianças celíacas devem ter é com a contaminação cruzada. Ela acontece quando um alimento sem glúten recebe direta ou indiretamente partículas de glúten de outros produtos.
Dentro de casa, esse tipo de contaminação nomalmente quando acontece o compartilhamento de utensílios entre alimentos com e sem glúten, como panelas, assadeiras e tábuas de corte.
Ela também pode ocorrer no momento do armazenamento dos produtos dentro da dispensa e da geladeira, quando os dois tipos de alimentos ficam muito próximo um ao outro.
Dicas para evitar a contaminação cruzada
- Para que isso não aconteça, você pode separar um espaço na geladeira e no armário apenas para os alimentos sem glúten. Além disso, também vale a pena ter utensílios exclusivos para o preparo de receitas da criança.
- Outra dica importante: não cozinhe ao mesmo tempo receitas com e sem glúten. Isso porque a contaminação também pode acontecer durante esse momento, especialmente se o preparo precisar de forno.
- O balcão da cozinha é um dos locais mais prováveis para acontecer a contaminação. Por isso, sempre limpe a bancada com água quente e sabão antes e depois de usá-la.
- Para garantir que nenhum utensílio exclusivo seja trocado, marque os itens com o que quiser: post-it, etiqueta adesiva, máquina etiquetadora ou caneta permanente.
Cardápio para criança celíaca
Remover completamente o glúten da alimentação infantil e encontrar uma dieta que seja equilibrada e completa pode ser um desafio.
Inclusive, a deficiência nutricional em uma criança celíaca é algo comum por conta disso e pela baixa capacidade do intestino de absorver nutriente.
Durante o tratamento para a condição, o esperado é que a parede intestinal se recupere e ele volte a ter uma melhor absorção. Contudo, qualquer ingestão de glúten (intencional ou não) pode atrasar a recuperação.
Como montar o cardápio?
A boa notícia é que existe uma variedade de alimentos ricos e nutritivos que são naturalmente livre de glúten e que podem (e devem) fazer parte do dia a dia das crianças:
Frutas e legumes
Frutas e legumes são os pilares de um cardápio saudável, especialmente para crianças que estão em fase de crescimento. Ricos em nutrientes essenciais, vitaminas, minerais e fibras, esses alimentos trazem diversos benefícios à saúde e ao sistema digestivo.
Grãos integrais
Para uma alimentação livre de glúten, é essencial encontrar alternativas saudáveis para os grãos tradicionais. Esse tipo de ingrediente oferece uma combinação rica em carboidratos, vitaminas, minerais e fibras. Entre as principais opções, estão: arroz, quinoa, milho e aveia sem glúten.
Leguminosas
Feijões, lentilhas e grão-de-bico são as principais leguminosas e podem ser consideradas superalimentos. Isso porque eles são excelentes fontes de proteínas vegetais e de ferro.
Nozes e sementes
Fontes de gorduras insaturadas, incluindo ômega-3 e ômega-6, nozes e sementes ajudam no desenvolvimento cerebral, em especial a memória e capacidade de aprendizagem.
Contudo, como esses alimentos são mais propensos a causar alergias, é importante começar a sua introdução em pequenas quantidades.
Laticínios
Laticínios, como leite, queijo e iogurte, são fontes primárias de cálcio, essencial para o desenvolvimentos dos ossos. Além disso, eles também são ricos em vitamina D e B12, fundamentais para uma alimentação equilibrada e saudável.
10 dicas para dieta celíaca infantil
- A primeira dica na verdade é uma regra: exclua completamente o glúten da alimentação. Isso significa qualquer alimento que contém trigo, centeio e cevada e malte. Como já falamos aqui, para ter certeza que o produto é seguro, leia sempre a embalagem.
- Substitua os proibidos por ingredientes seguros nas receitas, como farinha de arroz, amido de milho, fubá, polvilho e tapioca.
- Apesar de serem liberados para celíacos, para uma dieta equilibrada e saudável, não é recomendado exagerar na ingestão de pães, biscoitos e massas feitos com os ingredientes seguros. Além de calóricos, eles são pobres em fibras e têm um elevado índice glicêmico.
- Priorize os alimentos que são naturalmente isentos de glúten, como frutas, legumes, arroz, milho, leguminosas, proteínas animais, ovos e oleaginosas.
- Para uma alimentação infantil rica, nutritiva e saudável, os principais alimentos da dieta devem ser as frutas, legumes e verduras.
- Sal e açúcar devem ser usado com moderação. Lembrando que conforme a indicação da Sociedade Brasileira de Pediatria, o sal só deve fazer parte da dieta a partir do 1 ano de idade e o açúcar dos 2 anos. Além disso, invista em condimentos e temperos naturais, como salsinha, cebolinha, óregano, manjericão, alho, cebola e mais.
- Evitar frituras é uma regra geral para uma alimentação equilibrada. Para crianças celíacas, o cuidado precisa ser maior, especialmente fora de casa por conta do risco de contaminação cruzada.
- Alimentos à base de leite são liberados a não ser que a criança tenha intolerância à lactose, uma condição comum em celíacos. Se esse for o caso, só consuma leite e derivados que sejam zero lactose.
- Como celíaco pode ter um pouco mais de dificuldade de reter nutrientes, aumente o consumo de alimentos com Vitamina D, como ovos, manteiga e carne.
- Varie ao máximo o cardápio para garantir que o seu pequeno tenha o máximo de nutriente possível. Além disso, os celíacos são mais propensos a desenvolver sensibilidade alimentar e variar a frequência dos alimentos ajuda a minizar esse risco.
Conclusão
A alimentação infantil é um dos principais pilares para um desenvolvimento e crescimento saudável. No caso das crianças celíacas, ela se torna ainda mais importante ao evitar complicações causadas pelo consumo de glúten enquanto garante todos os nutrientes e minerais necessários.
Além de um cardápio variado e equilibrado, rico em frutas, verduras, leguminosas e grãos alternativos, os pais de celíacos também precisam ter cuidado redobrado para evitar contaminação cruzada.
Envolver as crianças no preparo das refeições pode ser uma forma interessante de torná-la mais consciente sobre suas necessidades e particularidades, além de ajudar a desenvolver hábitos saudáveis desde cedo.
Por fim, sempre conte com a orientação do seu pediatra e nutricionista para garantir uma dieta saudável e nutritiva.
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