Refluxo em bebês e crianças: sintomas, tratamento e cuidados

O refluxo em bebês é uma condição comum, e é caracterizada pelo retorno do conteúdo estomacal para o esôfago, causando episódios de regurgitação e gerando preocupação nos papais e mamães.

Apesar de parecer preocupante, o refluxo gastroesofágico muitas vezes faz parte do desenvolvimento da criança, no entanto, é importante estar atento aos sintomas para saber como lidar com a situação e evitar o desencadeamento de outros problemas no seu bebê.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), todos os seres humanos podem apresentar episódios de refluxo, no entanto, em bebês de até um ano, a regurgitação pode ser mais frequente. Ainda segundo a SBP, o problema tende a se resolver espontaneamente no primeiro ano de idade, mas caso não aconteça, é necessário um acompanhamento médico.

Associado a sigla RGE, o refluxo gastroesofágico não é um problema de fato, mas é importante não confundir com a doença do refluxo gastroesofágico, a DRGE, que ocorre quando o refluxo passa a causar sintomas ou complicações, que se associam a alterações na qualidade de vida do paciente.

Geralmente, o problema é tratado com técnicas e métodos caseiros, sem a necessidade de medicações. Em casos graves, analisados por um médico, o uso de remédios ou até mesmo cirurgia pode ser avaliado. 

O que é o refluxo em bebês?

Para entender melhor como funciona o refluxo, é necessário entender o corpo humano. Na junção entre o esôfago e o estômago, existe um anel muscular que compõe o esfíncter inferior do esôfago, que funciona como uma pequena válvula. Quando o alimento chega nessa região, essa válvula se abre, permitindo que o alimento chegue ao estômago, e depois se fecha, impedindo o retorno ao esôfago.

No entanto, em algumas situações, esse esfíncter pode não se fechar completamente, permitindo que o conteúdo do estômago retorne ao esôfago e seja eliminado pela boca ou, em casos raros, pelo nariz, ocasionando a ‘golfada’ ou vômito. Geralmente, essa situação não causa problemas e ocorre em crianças e adultos saudáveis.

Inclusive, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, os episódios de refluxo são chamados de “vômito feliz”, visto que não ocasionam problemas na criança, e mesmo após a regurgitação, o bebê segue saudável, ganhando peso e sem outros sintomas. 

Mas se todos possuem refluxo, por que os bebês possuem em maior frequência?

A Sociedade Brasileira de Pediatria explica que, durante os primeiros meses de vida, os bebês se alimentam com frequência e passam grande parte do dia no período ‘após a refeição’. A alimentação nesse período é exclusivamente líquida, principalmente composta por leite materno, que é oferecido principalmente pelos seios da mãe. Isso resulta em um grande volume de leite ingerido, facilitando o retorno do alimento ao esôfago e ocasionando o refluxo. Esses episódios são mais frequentes entre dois e quatro meses de vida, mas tendem a diminuir com o crescimento. No geral, o problema se resolve até o primeiro ano de vida.

Sintomas do refluxo em bebê

Os sintomas para bebês, crianças e adultos são diferentes, principalmente devido ao tipo de alimento ingerido em cada fase da vida. Como bebês não falam e geralmente se comunicam através do choro e outros sinais, é necessário ficar ainda mais atento.

De acordo com o Manual MSD, os sintomas de refluxo em bebê são: vômitos e regurgitação excessiva, no caso do refluxo natural. Se acompanhado de desconforto, perda de peso ou até mesmo sangue, pode ser a Doença do Refluxo Gastroesofágico.

O que é o refluxo em crianças?

Apesar de o problema ser resolvido na maioria dos casos até o primeiro ano de idade, pode ocorrer que o refluxo persista após esse período. Nesse caso, se os episódios forem frequentes, pode ser necessário um acompanhamento médico para uma análise mais aprofundada.

Nesta fase, a criança deixa de ingerir apenas leite e começa a consumir alimentos sólidos, o que pode gerar novos sintomas relacionados ao refluxo. Portanto, é importante estar atento aos sinais.

Tanto em bebês quanto em crianças, o refluxo gastroesofágico pode evoluir para a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), que explicaremos mais adiante.

Sintoma do refluxo em crianças

Crianças normalmente já falam e conseguem demonstrar seu desconforto de outra maneira. Além disso, já consomem outros tipos de alimentos. Com isso, segundo o Manual MSD, os sintomas em crianças são: Dor torácica, dor abdominal e, às vezes, azia.

Como diagnosticar o refluxo gastroesofágico?

Ainda que seja um problema comum, pode ser que seja necessário alguns exames e estudos para descartar qualquer outro tipo de problema. Geralmente, um médico realizará os seguintes exames para diagnosticar com precisão o problema:

  • Estudo de deglutição com bário
  • Sonda para pHmetria esofágica ou sonda de impedância
  • Imagem de esvaziamento gástrico
  • Endoscopia digestiva alta
  • Ultrassonografia abdominal

Alguns dos exames são pedidos apenas em caso de Doença do Refluxo Gastroesofágico, quando o problema já evoluiu e passou a ser algo que necessita de acompanhamento médico.

Doença do refluxo gastroesofágico

Conforme já citamos acima, o refluxo é um problema natural do ser humano, mas quando evolui para uma situação mais grave, passa a preocupar e deve ter um acompanhamento médico.

No entanto, muitos papais possuem dúvida de quando devem buscar o atendimento médico, e de quando o refluxo passa de ser algo natural para uma doença. Por isso, é necessário ficar atento a alguns sinais e sintomas.

Geralmente, o refluxo natural é chamado de ‘vômito feliz’, visto que não irá gerar nenhum prejuízo na criança após a regurgitação, no entanto, se o vômito causa irritação estomacal, problemas de alimentação, como negação a comer, começa a atrapalhar o crescimento e o desenvolvimento normal da criança ou quando piora a qualidade de vida do lactente, é necessário buscar ajuda médica. 

Isso acontece porque o ácido que volta do estômago está vencendo os mecanismos de defesa e está fazendo mal para o esôfago ou provocando alguma lesão e desencadeando os sintomas, com isso, medicamentos podem ser incluídos no dia a dia para diminuir os danos.

Todas as crianças podem ter DRGE?

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a doença pode se manifestar em qualquer bebê ou criança. Entretanto, existem alguns grupos com maior risco de apresentar a doença do refluxo.

Bebês com problemas neurológicos, prematuros, obesos e portadores de doenças pulmonares, como fibrose cística ou displasia broncopulmonar, são mais suscetíveis a desenvolver a doença. Além disso, crianças que apresentam ou tiveram malformações congênitas do sistema digestório também podem estar em risco.

O que fazer em caso de suspeita de DRGE?

Caso você perceba seu filho desconfortável, choroso, ganhando pouco peso ou com algum outro sinal de sofrimento, leve-o ao pediatra imediatamente. Apenas o médico saberá como agir e diagnosticar com precisão o problema do seu filho. Além disso, o profissional saberá conduzir exatamente o tratamento e ajudar seu bebê a se livrar rapidamente do problema. 

Há tratamento para o refluxo-doença?

Se o bebê for diagnosticado com DRGE, o médico saberá encaminhar o tratamento. Em alguns casos, pode ser necessária a utilização de medicações, enquanto em outros, cuidados simples do dia a dia podem ajudar a reduzir os sintomas.

Alguns tratamentos podem causar efeitos colaterais e, por isso, devem ser avaliados com cuidado por um pediatra antes de serem iniciados. Como cada criança é única, apenas o médico poderá determinar o melhor caminho para a solução do problema. Portanto, não inicie nem faça tratamentos sem a supervisão de seu pediatra.

Como tratar o refluxo em bebê?

Apenas em alguns casos é necessário introduzir medicação, e tal decisão será tomada pelo pediatra responsável. Geralmente, o refluxo é tratado com algumas medidas adotadas no dia a dia da criança. 

Nos casos mais leves, algumas mudanças de rotina podem ajudar a diminuir a regurgitação e com isso, traz mais qualidade de vida ao seu bebê. 

Segundo o portal Fiocruz, essas medidas ajudam no maior conforto da criança: Evitar balançá-los; não vestir roupas que apertem suas barrigas; não deixar chorarem por muito tempo; botar um calço de 10 cm para manter a cabeceira do berço elevada cerca de 30 graus; ter uma boa posição durante as mamadas para prevenir a entrada de ar pela boca; e, após terminar, deixá-los no colo, na posição vertical, por mais ou menos 30 minutos.

Outra técnica que pode auxiliar, é interromper a amamentação de tempos em tempos e estimular o arroto da criança. Isso fará com que a chance dela vomitar e regurgitar diminua. 

Todas essas técnicas são caseiras e podem ser feitas pelos próprios pais em caso do refluxo comum. Já se evoluir para DRGE, aí será necessário instruções do médico responsável. 

Existem tratamentos caseiros para refluxo?

Geralmente para bebês, o recomendado é manter o aleitamento materno e seguir as dicas acima. Já para crianças maiores, alguns tipos de chá podem ajudar a acalmar o estômago e diminuir os sintomas do refluxo gastroesofágico.

Segundo a ‘Buscopan’, esse tipo de tratamento natural e caseiro ajudará com a queimação que pode ser apresentada em crianças maiores e também com gosto amargo ocasionado pelo refluxo.

O chá de camomila aparece como uma excelente escolha para aliviar os sintomas de refluxo, visto que ele possui diversas propriedades anti-inflamatórias e calmantes, reduzindo a irritação da mucosa do esôfago, amenizando a queimação e ajudando a relaxar os músculos do aparelho gastrointestinal.

Outra opção, é o chá de erva-doce. Ele também possui propriedades calmantes e antiespasmódicas, reduzindo a irritação no trato gastrointestinal e aliviando desconfortos como a queimação.

O chá de gengibre, assim como o de babosa e de alcaçuz também aparecem como grandes opções. Eles possuem ação anti-inflamatória e ajudam na digestão, e também a construir uma ‘capa’ de proteção no esôfago, evitando assim a queimação e o refluxo gerado. 

No entanto, enquanto alguns chás auxiliam, existem outros que devem ser evitados pela pessoa com refluxo, visto que ele poderá aumentar ainda mais as chances da regurgitação.

São eles, o chá preto, chá verde, chá de hortelã, chá de menta e chá mate. Em sua maioria, esses chás possuem cafeína em sua composição, o que aumenta a acidez do estômago e faz com que o refluxo possa ocorrer com mais frequência.

Já o chá de hortelã, por exemplo, faz com que o esfíncter fique relaxado, favorecendo o retorno do ácido gástrico para o esôfago.

Considerações finais

Segundo associações médicas, o refluxo é um problema natural e que acontece com todos os seres humanos. Os bebês por se alimentarem com maior frequência e em sua maioria de líquidos, estão mais suscetíveis a regurgitação.

Geralmente, o problema ocorre entre os dois e quatro meses de vida, e tendem a desaparecer até o primeiro ano da criança, no entanto, em alguns casos, ele pode permanecer, se expandindo a primeira infância, e gerando outros tipos de desconforto.

Geralmente, o refluxo não necessita preocupações, visto que é algo natural do corpo humano e que não traz prejuízos nenhum aos pequenos. No entanto, caso alguns sintomas mais graves sejam percebidos, é necessário o acompanhamento médico, visto que pode se tratar da doença do refluxo gastroesofágico.

Para o diagnóstico correto, o médico pode pedir alguns exames para a criança e o tratamento consiste em métodos e técnicas para evitar o desconforto. Em alguns casos, raros, o uso de medicação pode ser necessário. Além disso, chás e tratamentos caseiros também ajudam a diminuir a irritação do esôfago e faz com que o refluxo aconteça em menor frequência.


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