Transporte seguro de bebês e crianças: guia completo para pais preocupados

O transporte seguro de bebês e crianças é um aspecto crucial da parentalidade que exige atenção especial. À medida que as famílias se tornam mais móveis, entender as melhores práticas e os equipamentos adequados para garantir a segurança e o conforto dos pequenos torna-se essencial.

Transportar bebês e crianças com segurança não é apenas uma questão de conforto, mas também de proteção. O uso correto de dispositivos de segurança, como cadeirinhas e cintos, pode reduzir significativamente o risco de lesões em caso de acidentes. A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda que os pais adotem práticas de segurança adequadas desde os primeiros dias de vida.

A orientação sobre segurança veicular pode começar ainda na consulta pré-natal, e a adesão correta aos assentos de segurança tem mostrado uma melhora significativa na proteção das crianças durante o transporte.

No Brasil, os números alarmantes relacionados a acidentes de trânsito revelam um cenário preocupante. A cada hora, pelo menos cinco vidas são perdidas em acidentes, e, ao longo da última década, mais de 1,6 milhão de pessoas ficaram feridas, resultando em um custo de quase R$3 bilhões aos cofres públicos, conforme estudos realizados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Entre 2009 e 2018, as internações por acidentes de trânsito aumentaram 33% em todo o país, com destaque para Tocantins, onde as internações saltaram de 60 em 2009 para 1.348 em 2018, um crescimento de 2.147%.

Infelizmente, crianças e adolescentes também são severamente afetados por essa crise. Aproximadamente 8,2% dos feridos, ou mais de 135 mil, pertencem à faixa etária de zero a 14 anos. Juarez Molinari, presidente da Abramet, destaca que “os dados revelam quão preocupante é a proposta encaminhada ao Congresso Nacional”. Para ele, “apenas campanhas educativas e ações de orientação por parte de profissionais não são suficientes para mudar comportamentos de forma efetiva e reduzir o número de vítimas no trânsito. É necessário que essas campanhas se aliem a leis e à fiscalização para garantir a obrigatoriedade do uso dos equipamentos de segurança”.

Embora o uso de equipamentos de retenção infantil seja obrigatório desde 2008, a Resolução Contran 277/2008 foi atualizada em 2021 com o novo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Clever de Farias Silva, diretor de Policiamento e Fiscalização de Trânsito do Detran, alerta que “mesmo em pequenos deslocamentos, a criança deve estar sempre segura. Mesmo em baixa velocidade, ela pode ser arremessada do veículo, e as consequências podem ser fatais”.

Os dados do Ministério da Saúde são alarmantes: os acidentes de trânsito estão entre as principais causas de morte de crianças e adolescentes de até 14 anos no Brasil, com uma média de três mortes diárias e 29 hospitalizações. Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, “o uso de cadeirinhas e dispositivos de retenção aumenta em 70% a chance de sobrevivência em caso de acidente”.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que crianças e adolescentes sejam transportados em assentos de segurança apropriados à idade e ao tamanho até atingirem a altura de 1,45 m. O cinto de segurança de três pontos foi projetado para proteger pessoas com, no mínimo, essa altura, de modo que o cinto passe pelo meio do ombro, longe do pescoço, e sobre os quadris. O uso correto do dispositivo de retenção pode reduzir o risco de morte em até 71% em caso de colisão. Além disso, é aconselhável que crianças e adolescentes sejam transportados no banco traseiro até os 13 anos, o que confere maior proteção, conforme recomendações da SBP.

Cadeirinhas para transporte seguro de bebê

A cadeira para transporte de bebês em carro é essencial para garantir a segurança de crianças em veículos. O transporte seguro de crianças no carro é uma questão de extrema importância e, segundo dados do CFM, Abramet e SBP, a exigência do uso de cadeirinhas, conforme estabelecido no atual Código de Trânsito Brasileiro, teve um impacto significativo na redução de acidentes envolvendo crianças.

Essa medida resultou em uma diminuição de 33% no número de crianças vítimas de acidentes de trânsito no Brasil, com registros de internações caindo de 1.360 em 1998 para 549 em 2018. Além disso, o total de mortes entre crianças nessa faixa etária também diminuiu, passando de 346 para 279.

A pediatra Luciana Rodrigues Silva, ressalta: “São números oficiais, que saíram das bases do Ministério da Saúde e que permitem verificar os efeitos positivos da Resolução nº 277 do Contran [que dispõe sobre a utilização de dispositivos de retenção para o transporte de crianças em veículos]. Trata-se de uma regra fundamental para aumentar a segurança nas vias e rodovias e, sobretudo, para proteger a vida e a saúde das crianças com menos de dez anos de idade.”

O 1º vice-presidente do CFM, Mauro Ribeiro, complementa: “Esses equipamentos foram projetados para dar mais segurança aos usuários em casos de colisão ou de desaceleração repentina. Conforme mostram os números, eles têm sido fundamentais para salvar milhares de vidas ao longo destes anos.”

É fundamental seguir as instruções do fabricante ao instalar a cadeira para transporte em carro, garantindo que ela esteja bem fixada e que a criança esteja corretamente presa, para o  transporte seguro de bebês.

Transporte em motocicleta

Para o transporte seguro de crianças em motos, apenas maiores de dez anos podem ser levadas na garupa, desde que usem um capacete adequado ao seu tamanho. No entanto, mesmo que atendam à idade mínima, crianças que não conseguem cuidar da própria segurança não devem ser transportadas em motos. Situações como não alcançar o apoio dos pés, ter alguma deficiência ou estar com membros engessados são exemplos de condições que impedem o transporte seguro, conforme estipulado no Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito.

Essa questão é preocupante, pois, em 2023, quase 600 motociclistas foram autuados por transportarem crianças de forma inadequada, e outros 400 foram multados no ano seguinte, evidenciando a necessidade de maior atenção e cumprimento das normas de segurança no transporte de crianças em motocicletas.

Viajar de avião com bebês

Viajar de avião com bebês requer planejamento e atenção a alguns detalhes importantes para garantir a segurança. Além da documentação básica da criança (certidão de nascimento ou RG) e de um documento que comprove o parentesco entre o adulto responsável e o bebê, é essencial verificar as regras específicas da companhia aérea, especialmente para viagens desacompanhadas. A Autorização Eletrônica de Viagem (AEV) facilita o processo de autorização para viagens de menores.

Em relação aos equipamentos para bebês, o carrinho pode ser utilizado até o momento do embarque e é despachado para ser entregue na saída do avião. Bebê-conforto e cadeirinhas de carro podem ser despachados gratuitamente em voos nacionais.

Para garantir a segurança de todos os passageiros durante viagens aéreas, especialistas recomendam medidas mais rigorosas. Uma delas é a obrigatoriedade de cada passageiro, independentemente da idade, ocupar um assento individual. Além disso, o uso de dispositivos de retenção adequados é fundamental durante todo o voo, especialmente em decolagens, pousos e turbulências.

É crucial utilizar dispositivos de segurança apropriados para a idade e peso da criança, conforme recomendado pela AAP, The Royal Society for the Prevention of Accidents (RoSPA) e a SBP. Crianças acima de cinco anos podem usar o cinto de segurança da aeronave, enquanto as menores devem ser acomodadas em assentos de segurança específicos, aprovados tanto para automóveis quanto para aviões. Bebês com menos de um ano e até 10 kg devem ser transportados em bebê-conforto, sempre voltados para trás e devidamente fixados ao assento da aeronave.

No Brasil, a falta de regulamentação específica sobre o transporte seguro de crianças em aviões gera preocupações para os pais, especialmente considerando que algumas companhias aéreas exigem que bebês menores de dois anos permaneçam no colo durante a decolagem e o pouso, mesmo que tenha sido adquirido um bilhete para um assento extra. Isso leva os pais a terem que assegurar que seus filhos tenham direito a um assento adequado, o que muitas vezes implica no pagamento de um bilhete integral.

Embora algumas companhias ofereçam tarifas reduzidas para crianças com menos de 12 anos, é recomendável que os pais entrem em contato antecipadamente com a companhia aérea para entender suas políticas sobre assentos não ocupados e discutir a possibilidade de utilizar um dispositivo de segurança que garanta a proteção e o conforto da criança durante o voo.

É importante sempre consultar as políticas específicas da companhia aérea antes da viagem. Lembre-se de que a segurança e o conforto do bebê são prioridades. Ao planejar com antecedência e seguir as orientações das companhias, você garante uma viagem tranquila e segura para toda a família.

Regras para transporte de crianças

As regras para transporte de crianças variam de país para país, mas existem diretrizes gerais que devem ser seguidas. No Brasil, o Código de Trânsito Brasileiro estabelece normas claras sobre o uso de dispositivos de segurança para crianças.

Até um ano de idade, o uso do bebê-conforto é obrigatório, devendo ser instalado de forma que o bebê fique voltado para o banco traseiro. Esse dispositivo é adequado para crianças de até 13 kg ou o limite máximo estipulado pelo fabricante. Entre 1 e 4 anos, as crianças devem ser transportadas em cadeirinhas infantis. Já de 4 a 7 anos e meio, é necessário o uso de um assento de elevação, que deve ser fixado com um cinto de segurança de três pontos, até que a criança atinja 1,45 m de altura. Para crianças de 7 anos e meio a 10 anos, o transporte no banco traseiro com o cinto de segurança convencional é permitido.

Vale destacar que a não utilização desses dispositivos de retenção pode resultar em multa de R$ 293,47, além de somar sete pontos na carteira de habilitação do motorista, conforme o Artigo 168 do Código de Trânsito Brasileiro.

Em 2023, mais de 10 mil infrações relacionadas ao transporte inadequado de crianças foram registradas, evidenciando a necessidade de conscientização e cumprimento das normas de segurança.

Dicas para um transporte seguro

Aqui estão algumas dicas práticas para o transporte seguro de crianças no carro:

Horário

O melhor horário para viajar com crianças é durante o dia, por questões de segurança e para evitar crises de mau humor causadas pela interrupção do sono. A pediatra Renata Waksman recomenda viajar de manhã cedo ou no final da tarde, quando o sol e a temperatura são mais amenos. Patrícia Papp, autora de um livro sobre viagens com filhos, sugere viajar no horário da soneca das crianças, para que elas durmam durante o trajeto. Além disso, é importante evitar horários de pico e feriados, para fugir de congestionamentos.

Paradas

Tirar as crianças das cadeirinhas com o carro em movimento é perigoso, e parar no acostamento também não é seguro. Por isso, é essencial planejar paradas ao longo da viagem. A pediatra Renata Waksman recomenda pausas a cada duas horas, para amamentação, alimentação, idas ao banheiro e distração das crianças. Patrícia Papp, autora do blog “Viajo com Filhos”, sugere pesquisar locais com boa estrutura, como playgrounds, para essas paradas.

Desfralde

Colocar fralda em crianças já em processo de desfralde durante viagens de carro pode confundi-las e prejudicar o progresso. O ideal é que os pais incentivem a criança a fazer xixi antes de sair de casa, forrem a cadeirinha com um tapete higiênico e levem uma troca de roupa para possíveis acidentes, segundo Renata Waksman. Sut-Mie Guibert, do blog “Viajando com Pimpolhos”, sugere levar um penico portátil, que pode ser usado tanto como penico tradicional quanto como redutor de assento em banheiros públicos.

Antes de sair

A nutricionista Rachel Francischi recomenda que os pais mantenham o tipo de refeição que a criança costuma fazer, optando por alimentos leves para evitar náuseas. Alimentos ricos em gorduras ou proteínas podem ser mais difíceis de digerir. Para bebês, após a mamada, a cadeirinha deve ser ajustada para uma posição mais vertical, facilitando a digestão. Além disso, as crianças devem ser vestidas com roupas confortáveis e adequadas ao clima, lembrando que as cadeirinhas podem esquentar e deixar os pequenos mais expostos ao sol.

Distrações

Patrícia Papp, do blog “Viajo com Filhos”, vê as viagens de carro como boas oportunidades para a família conversar sem interrupções, algo raro no dia a dia. No entanto, em algum momento, os pais podem querer um pouco de silêncio. Para isso, é útil levar brinquedos, livros, lápis e folhas para colorir. As crianças mais velhas podem preparar suas mochilas com seus passatempos favoritos. Bandejas que se prendem no banco da frente ajudam na organização e nas brincadeiras. Para evitar birras, Sut-Mie Guibert sugere ter surpresas, como adesivos ou brinquedos baratos, para distrair as crianças.

Conclusão

O transporte seguro de crianças é uma responsabilidade que exige atenção redobrada por parte dos pais e responsáveis. A escolha correta dos dispositivos de segurança, como cadeirinhas e assentos apropriados, é fundamental para garantir a proteção dos pequenos durante o trajeto. Além disso, é imprescindível seguir as normas de segurança estabelecidas pelas autoridades para prevenir acidentes e assegurar que as crianças estejam seguras, independentemente da distância percorrida.

A preparação para os desafios que podem surgir durante o deslocamento é igualmente importante. Isso inclui planejar paradas estratégicas, respeitar os horários de refeição e garantir que as crianças estejam confortáveis, tanto em relação à roupa quanto à alimentação. Atividades lúdicas e brinquedos também podem transformar viagens longas em momentos divertidos, permitindo que a família interaja, enquanto minimiza o estresse causado pela monotonia do percurso.

Ao priorizar a segurança e o conforto das crianças durante o transporte, as famílias não apenas protegem seus filhos, mas também promovem experiências positivas que contribuem para o desenvolvimento saudável dos pequenos. Essas vivências fortalecem os laços familiares e ensinam às crianças a importância da segurança, preparando-as para futuras aventuras. Com paciência e dedicação, os pais podem transformar o transporte em uma oportunidade de aprendizado e diversão, permitindo que seus filhos explorem o mundo com segurança e confiança.


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